segunda-feira, 28 de março de 2011

"A experiência do videogame para aprender a usar um fuzil." / http://migre.me/48uUa (SITE UOL)

Os rebeldes líbios estão longe de ser um exército. De acordo com reportagem do jornal Washington Post, muitos não sabiam nem usar armas. Ayman Faraj Hasan al-Barady, por exemplo, teve de usar sua “experiência” com o videogame para aprender a usar um fuzil AK-47.


Tudo o que eu sabia é que precisava armar o fuzil e puxar o gatilho. Aprendi o que sei vendo filmes e também pelo Playstation”, revelou.

Barady, de 30 anos, decidiu se juntar aos rebeldes quando as forças de Gaddafi ameaçavam invadir sua cidade natal, Benghazi. Ele sabia que não teria tempo de treinamento

A força rebelde conta com a ajuda de oficiais que desertaram o exército de Gaddafi, mas não tem estrutura de comando ou organização com as armas e a munição. Além disso, é difícil controlar a ânsia por lutar contra o governo de voluntários mais empolgados.

Outro problema é a falta de armas e munição para todos. Os líderes tentam pressionar a força de coalizão para fornecê-los mais armamento.

Segundo o jornal, no leste do país, onde os rebeldes estão no comando, estudantes, engenheiros e todo o tipo de trabalhadores são vistos nas esquinas com rifles e baionetas, patrulhando as ruas como soldados.

No entanto, com quase 8.000 rebeldes mortos no front de batalha, os líderes do movimento de oposição tentam impor uma estrutura de hierarquia e disciplina em um exército que só existe há um mês. Os rebeldes já, até mesmo, escolheram um comandante. Trata-se de um antigo oficial do exército líbio, bastante respeitado por todos.

quarta-feira, 23 de março de 2011

"A classe C está virando maioria absoluta" FOLHA DE SÃO PAULO, 23 de MARÇO

Quase metade da população não se informa sobre crédito

Pesquisa também aponta que só 26% das pessoas comparam taxas de juros

Levantamento mostra ainda que a classe C ampliou participação, em 2010, para 53% da população brasileira

MARIANA SALLOWICZ
DE SÃO PAULO

Embora o crédito esteja batendo recordes no país, quase metade da população não se informa sobre empréstimos. No ano passado, 45% dos brasileiros disseram que nunca buscaram informações sobre financiamentos.
O percentual é ainda maior entre os brasileiros das classes DE, em 54%. No segmento C fica em 44% e no AB cai para 35%, de acordo com estudo da Cetelem BGN, empresa do grupo francês BNP Paribas, em conjunto com a Ipsos Public Affairs.
Segundo a pesquisa "Observador Brasil 2011", 41% dos brasileiros buscaram informações sobre juros.
"O brasileiro não tem a cultura de pesquisar e isso precisa mudar com campanhas de educação financeira. Nas compras financiadas, apenas 26% afirmaram comparar diferentes taxas de juros na hora de comprar", diz Marcos Etchegoyen, diretor-presidente da Cetelem BGN.
No ano passado, as operações de crédito para consumidores e empresas cresceram 20,5% e o total de empréstimos chegou ao valor recorde de R$ 1,7 trilhão, segundo o Banco Central.

CLASSE C
A pesquisa mostra ainda que a classe C conseguiu ampliar sua participação, em 2010, para 53% da população brasileira, ante 49% no ano anterior, chegando a 101,6 milhões de pessoas no país. Foram 19 milhões de brasileiros vindos das classes DE, que ficou com 25% do total. Já os segmentos AB somaram 42,2 milhões.
"Houve uma mudança na forma que a população brasileira está distribuída. A pirâmide virou um losango, com mais pessoas fazendo parte da classe C", afirma Etchegoyen. Segundo ele, esse novo desenho vem se formando há cerca de quatro anos e está cada vez mais consolidado.
O levantamento se baseou em 1.500 entrevistas, feitas em dezembro em 70 cidades de nove regiões metropolitanas. A classificação por classe foi definida pelo Critério de Classificação Econômica Brasil, que verifica o grau de instrução do chefe de família, as características do domicílio e a posse de bens.

segunda-feira, 21 de março de 2011

"Zangief Kid diz que pensou em suicído por sofrer de bullying

O caso do menino que ficou conhecido como "Zangief Kid" referência ao lutador do game Street Figther podemos assim, ver a influência dos jogos no consumo das crianças. E esse vídeo segundo a reportagem da Uol tem 148 mil fãs de apoio ao menino em páginas do facebook. Em resumo eu me pergunto, se não é hora dos profissionais de marketing, junto com psicólogos rever os conceitos sobre o poder e a influência games como estes, regular de alguma forma em prol da complacência que queremos a nossa sociedade contemporãnea.


terça-feira, 15 de março de 2011

Os objetivos continuam sendo sociais, "O novo marco regulatório do Brasil"

O desafio do novo marco regulatório brasileiro

Por Jonas Valente em 15/3/2011

Reproduzido do Mídia&Política, edição 02/2011

Pela primeira vez na história, o Ministério das Comunicações foi ocupado pelo representante de um partido de esquerda. Mesmo nos oito anos de governo Lula, o comando da pasta ficou a cargo de nomes indicados por legendas da base aliada, alguns deles com íntima relação histórica com os grupos nacionais de radiodifusão, como foi o caso de Hélio Costa. A chegada de Paulo Bernardo, com a experiência de já ter sido titular da pasta do Planejamento, vem sendo cercada de expectativas.

A principal delas é o encaminhamento da reforma da legislação da área. A aprovação de um novo marco regulatório é demanda antiga de especialistas, sindicalistas e de várias entidades que lutam pela democratização da comunicação. No último ano do governo Lula, sua importância foi percebida. No entanto, o tempo foi suficiente apenas para que um grupo comandado pela Secretaria de Comunicação do governo, com o então ministro Franklin Martins à frente, elaborasse uma proposta como legado à nova gestão do Executivo federal.

Parte do projeto já veio à tona por meio da imprensa especializada. Fala-se em uma reorganização institucional cujo marco central seria a transformação da Agência Nacional de Cinema em Agência Nacional de Comunicação. Ela teria atribuições de fiscalização dos conteúdos e das outorgas dadas aos entes privados que exploram serviços como rádio e televisão. Ainda na parte de conteúdos, seriam definidas regras para garantir a presença de produção nacional, regional e independente nos veículos. Bem como medidas para proteger segmentos vulneráveis, como crianças.

Excessivamente comercial

A proposta, de acordo com notícias divulgadas, adotaria uma arquitetura convergente, tratando serviços de forma transversal às plataformas. Isso significa que em vez de televisão, rádio e TV a cabo, teríamos três modalidades de serviços: de comunicação social, de comunicação eletrônica e de comunicação em rede. No caso daqueles audiovisuais, haveria uma divisão em lineares (programação de TV aberta, por exemplo) e não-lineares (vídeos não organizados em programações), abertos ou fechados. Em relação à propriedade, seria mantido o limite de 30% ao capital estrangeiro e haveria uma divisão entre as fases da cadeia: produção, programação e distribuição.

O debate sobre o novo marco regulatório não pode ficar circunscrito aos gabinetes do governo federal, aos bancos acadêmicos ou às rodas de especialistas e pesquisadores. É preciso que sua carcaça hermética seja despida, de modo a colocá-lo sob a perspectiva essencial que possui. Que tipo de comunicação queremos no Brasil? A resposta enseja um raciocínio que identifique o que não atende aos interesses da população e o que deve ser mudado. Elencamos aqui cinco nós críticos que precisam ser resolvidos nesse processo.

O primeiro é o caráter excessivamente comercial da nossa comunicação. No caso da televisão, por exemplo, as corporações controlam 80% das emissoras, 90% do financiamento e 95% da audiência. Enquanto isso, os meios públicos e comunitários lutam para sobreviver. No primeiro caso, a Empresa Brasil de Comunicação avançou, mas ainda está longe de se consolidar como alternativa real junto à população. No segundo caso, as rádios comunitárias continuam sendo perseguidas e as TVs comunitárias permanecem relegadas à prisão da TV a cabo. O novo marco precisa, portanto, retirar essas modalidades da condição marginal, abrindo espaço no espectro para as emissoras, permitindo fontes de financiamento sustentáveis, ampliando radicalmente a participação e estabelecendo contornos de uma programação feita para, com e pelo público.

Cara, lenta e de má qualidade

O segundo é o caráter concentrado e verticalizado da mídia brasileira. O modelo constituído no país, baseado em poucos grupos estruturados em cabeças-de-rede e afiliadas, faz com que de Uruguaiana (RS) a Coari (AM) se veja e se ouça a perspectiva do eixo Rio-São Paulo. Sabe-se mais sobre o Leblon e a Vila Madalena do que sobre o Nordeste e o Norte do país. Pesquisa do Observatório do Direito à Comunicação em 11 capitais mostrou que as afiliadas exibem apenas 10% de conteúdos próprios. Assim, outro desafio do marco é quebrar essa estrutura de oligopólio vertical, ampliando o número de fontes de informação e determinando limites para garantir a exibição de conteúdos realizados nas cidades das emissoras.

O terceiro, que deriva do anterior, é o cenário de faroeste no sistema de outorgas dos serviços de comunicações. Na radiodifusão, temos quase uma terra sem lei, em que os exploradores desrespeitam a Constituição e a lei sem qualquer represália. A posse de emissoras por políticos, a exibição de publicidade além do limite de 25% e a veiculação de conteúdos discriminatórios são apenas alguns dos exemplos. Além disso, o poder público peca pela falta de transparência e se ausenta quase que integralmente da responsabilidade de fiscalizar essas concessões. Por esses motivos, o novo marco deve tratar com atenção o sistema de autorizações, definindo critérios que atendam os interesses dos cidadãos e fiscalizando frequentemente o seu cumprimento de forma transparente.

O quarto nó crítico é a exclusão no acesso aos serviços de comunicação, em especial ao de telecomunicações. Na telefonia móvel, cobramos tarifas das mais altas do mundo. Não por isso, temos mais de 190 milhões de aparelhos – porém, mais de 80% são pré-pagos e com baixo consumo na ligação. Na fixa, vivemos com uma taxa injustificável: a assinatura básica. A TV por assinatura chega a nove milhões de lares apenas. Nossa internet é, segundo o próprio governo federal, cara, lenta e de má qualidade. Embora políticas de acesso não sejam exclusividade de normas, elas podem, sim, determinar a oferta aos cidadãos e as modalidades de serviço. Entre elas, por exemplo, definir que a internet em banda larga seja prestada em regime público, tendo, portanto, obrigações de universalização e controle tarifário.

Questão de mérito e de método

O quinto obstáculo que precisa ser resolvido é a impermeabilidade dos órgãos do poder público à população. Enquanto o Ministério das Comunicações sempre foi a casa dos radiodifusores e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mantém abertura às telefônicas e outras operadoras, sindicatos e ativistas sempre sofreram para conseguir interlocução. Até a Conferência Nacional de Comunicação – evento proposto apenas para debate de idéias – acabou seriamente ameaçada pela resistência do setor empresarial em abrir a discussão sobre a área.

O novo marco regulatório deve dar conta de uma extensa demanda democrática do século 20, a de passar basicamente por desconcentrar o setor, ampliar a pluralidade e diversidade, fortalecer mídias públicas e comunitárias e colocar os órgãos públicos a serviço dos cidadãos. Mas precisa conjugar tais soluções com os desafios da convergência de mídias, que unifica serviços em plataformas e terminais e pressiona o setor para mais liberalização e mais concentração, a despeito da aparente aura de ampliação das fontes informativas.

Tal cenário, repetimos, não deve colocar a primazia da técnica. Os objetivos sociais não mudam, mas assumem novas formas. Partindo dessa reflexão, argumentamos que o novo marco precisa tomar como princípio a comunicação como direito humano e a democracia como cerne transversal. A construção da arquitetura deve, destarte, basear-se na definição dos serviços, entendidos como as atividades relacionadas à comunicação que impactam e servem aos cidadãos. Esses serviços têm de ser observados tanto da qualidade da prestação, o que envolve medidas anti-concentração e de garantia de padrões, quanto dos impactos que se pretende provocar.

A primazia do interesse da população sobre a técnica deve ser questão de mérito, e também de método. Por esta razão, esse novo marco precisa ser submetido a amplo debate, assim como ocorreu na Argentina. Como é conhecida a atuação dos setores empresariais no Congresso, para que a(s) nova(s) lei(s) não seja(m) apenas um arranjo para distribuir o lucro do setor, ela precisa ser fruto de uma reflexão coletiva e no seio da sociedade. Talvez assim seja possível atacar de frente os nós críticos que impedem nossa comunicação de alcançar sua plenitude democrática.

quarta-feira, 9 de março de 2011

"Crianças com autismo se relacionam melhor quando brincam com robôs" / FOLHA DE SÃO PAULO, 09 DE MARÇO DE 2011

Robô ajuda crianças inglesas com autismo a identificar emoções

Alastair Grant/AP

Eden Sawczenko, 4, que tem autismo, reage ao robô Kaspar,em escola ao norte de Londres

DA ASSOCIATED PRESS

Eden Sawczenko se retraía quando outras meninas seguravam sua mão e ficava imóvel quando a abraçavam.
Neste ano, Eden, de quatro anos, que sofre de autismo, começou a brincar com um robô que ensina sobre emoções e contato físico.
"Ela está mais afetuosa com seus amigos e, agora, até toma a iniciativa de abraçar", afirma Claire Sawczenko, mãe da menina.
Eden frequenta uma pré-escola para crianças autistas em Stevenage, ao norte de Londres, onde pesquisadores levam um robô com feições humanas do tamanho de uma criança uma vez por semana para uma sessão supervisionada.
As crianças, cujos níveis de autismo variam de leve a severo, brincam com o robô por dez minutos, enquanto um cientista controla o aparelho por controle remoto.
O robô, chamado Kaspar, é programado para sorrir, franzir, rir, piscar e balançar os braços. Foi construído por cientistas da Universidade de Hertfordshire a um custo de 1.300 libras (R$ 3.475).
Kaspar ainda está em fase experimental, e os pesquisadores esperam que ele possa ser produzido em massa por um preço menor.

INTERAÇÃO
O robô faz poucos truques, como dizer: "Olá, meu nome é Kaspar. Vamos brincar". Ele ri quando encostam em suas laterais ou nos seus pés, levanta os braços e, se leva um tapa, põe as mãos no rosto e grita: "Ai, isso dói".
"Crianças com autismo não reagem bem às pessoas porque elas não entendem as expressões faciais", diz Ben Robis, pesquisador de ciências da computação na Universidade de Hertfordshire e especialista em autismo.
"Robôs são mais seguros para elas porque há menos a interpretar, eles são bem previsíveis", afirma.
Há projetos similares no Canadá, no Japão e nos EUA, mas a pesquisa inglesa é uma das mais avançadas. Até agora, cerca de 300 crianças com autismo já brincaram com Kaspar naquele país.
Especialistas sem ligação com o projeto afirmam que a ideia é promissora.
Para Abigael San, representante da Sociedade Britânica de Psicologia, é possível que as crianças transfiram o que aprenderam com o robô para suas casas.
Mas ela alerta que especialistas e pais não podem depender tanto assim de robôs.
"Não queremos que crianças com autismo fiquem muito acostumadas aos robôs. Elas precisam aprender a se relacionar com pessoas."
Kerstin Dautenhahn, pesquisadora da Universidade de Hertfordshire e responsável pelo projeto, diz que o robô também pode ser usado para crianças com síndrome de Down e outros problemas.